Utopia quixotesca dos direitos humanos

Autores

  • Melina Girardi Fachin Universidade Federal do Paraná (UFPR)

DOI:

https://doi.org/10.21119/anamps.31.153-169

Palavras-chave:

Quixote, direitos humanos, emancipação, utopia.

Resumo

O objetivo do presente artigo é (re)contar o discurso jurídico dos direitos humanos por meio das lentes emancipatórias da literatura através da obra O engenhoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes. Objetiva-se traçar um paralelo entre a luta de Quixote e a luta dos e pelos direitos humanos na atualidade, mostrando seus pontos de aproximação, sem a pretensão de esgotá-los. A partir desta abertura do direito para a literatura, explorar-se-á o discurso jurídico dos direitos humanos com aporte na narrativa literária de Cervantes. A vocação quixotesca de combate às injustiças, o enfoque nos vulneráveis, a dimensão da alteridade dialógica – todas estas marcadas pela tensão entre a realidade e a idealidade – que sobressaem na obra eleita são pontos comunicantes com os paradoxos e dilemas da concretização dos direitos na contemporaneidade. O desafio que se coloca, é, a partir de uma outra postura do – e perante o – direito(s), a partir dos diálogos com Quixote, conferir concretude possível aos direitos humanos, descortinando-se, assim, o horizonte da uma utopia possível de transformá-los em uma dimensão palpável da realidade.

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Biografia do Autor

Melina Girardi Fachin, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Doutora em Direito Constitucional, com ênfase em direitos humanos, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Pesquisadora visitante da Harvard Law School. Professora da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Advogada. Curitiba, Paraná.

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Publicado

2017-06-27

Como Citar

FACHIN, M. G. Utopia quixotesca dos direitos humanos. ANAMORPHOSIS - Revista Internacional de Direito e Literatura, Porto Alegre, v. 3, n. 1, p. 153–169, 2017. DOI: 10.21119/anamps.31.153-169. Disponível em: https://periodicos.rdl.org.br/anamps/article/view/316. Acesso em: 16 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos