Literatura do direito: entre a ciência jurídica e a crítica literária
DOI:
https://doi.org/10.21119/anamps.32.349-386Palavras-chave:
direito, literatura, justiça, empatia, racionalidade, interpretação, argumentação, desconstrução, vulnerabilidade.Resumo
: Este trabalho questiona a relação entre o Direito – regras, poder, força e segurança jurídica – e literatura – aberta, dúctil, revulsiva do "ter que" e sonhadora com o que "deve ser". Para esta, instrumento pós-moderno do reconhecimento do outro e de suas diferenças, o Direito forçou as histórias de pessoas reais e seus anseios pela justiça em conceitos imparciais, silenciando especialmente as das mais vulneráveis. Começarei analisando o que é, quando, como e por que surgiu o Law and Literature Movement e recordarei suas três dimensões, o Direito da/como/na literatura, para concentrar-me nestas duas últimas estratégias de análise. A partir disso, irei me concentrar na interpretação, posição e função do intérprete, na retórica, na narrativa e no New Criticism como formas de análise literária do Direito. Chegarei, assim, a conclusões que se assentam em sete objeções à abordagem literária (a sua justiça, o seu antiformalismo, as suas supostas virtudes judiciais, a irracionalidade da empatia, a sua teoria crítica literária e a proposta do romance em cadeia na prospecção da dinâmica do Direito, a sua contextualização e os riscos da emoção e da empatia para os direitos e a segurança jurídica) e as respostas possíveis a tais objeções. Conclusões que nos abrem para um projeto emocionante, mas que, devido a isso, exige ser especialmente exigente no manuseio integrado de uma literatura transgressora dos limites da realidade complexa, dinâmica e flexível do Direito.Downloads
Referências
AARNIO, A. Sobre la ambigüedad semántica en la interpretación jurídica. Doxa, n. 4, p.109-117, 1987. doi: 10.14198/DOXA1987.4.07
AMAYA, A. Derecho y Literatura. In: HARO, Pedro Aullón de (Coord.). Metodologías comparatistas y literatura comparada. Madrid: Dykinson, 2013. p. 173-182.
BELLOW, G.; MINOW, M. Law stories. Ann Arbor: University of Michigan Press, 1998.
BINDER, G. Law and Literature. Buffalo Legal Studies Research Paper, n. 22, p. 585-592, 2012.
BINDER, G.; WEISBERG, R. Literary Criticism of Law. Princenton: Princenton University Press, 2000.
BONORINO, P. R. Sobre el uso de la literatura en la enseñanza del Derecho. REJIE - Revista Jurídica de Investigación e Innovación Educativa, n. 4, p. 73-90, 2011.
BOTERO-BERNAL, A. Derecho y literatura: un nuevo modelo para armar. Instrucciones de uso. In: CALVO GONZÁLEZ (Dir.). Implicación Derecho Literatura: contribuciones a una Teoría del Derecho. Granada: Comares, 2008. p. 29-39.
BROOKS, P. The Law as Narrative and Rethoric. In: BROOKS, P.; GEWIRTZ, P. (Comp.). Law’s Stories: Narrative and Rethoric in the Law. New Haven: Yale University Press, 1996. p. 14-22.
BRUNER, J. The narrative construction of reality. Critical Inquiry, v. 18, n. 1, p. 1-21, 1991. Disponible en: <http://www.semiootika.ee/sygiskool/tekstid/bruner.pdf>. Acceso en: 25 abr. 2017.
CALVO GONZÁLEZ, J. Teoría literaria del Derecho. Derecho y literatura: intersecciones instrumental, estructural e institucional. In: FABRA ZAMORA, J. L.; NÚÑEZ VAQUERO, A. (Ed.). Enciclopedia de Filosofía y teoría del derecho; 1. México: UMAN, 2015. p. 695-736. Disponible en: <http://biblio.juridicas.unam.mx/libros/8/3875/22.pdf>. Acceso en: 25 abr. 2017.
CALVO GONZÁLEZ, J. De la Ley ¿O será ficción? Madrid: Marcial Pons, 2016.
CÁRCOVA, C. M. Derecho, literatura y conocimiento. Revista Jurídica de Buenos Aires, n. 198, 2000. Disponible en: <http://www.pensamientocivil.com.ar/doctrina/81-derecho-literatura-y-conocimiento>. Acceso en: 25 abr. 2017.
CARDOZO, B. Law and Literature. New York: Harcourt, Brace & Comp., 1931.
CARRERAS, M. Derecho y literatura. Persona y derecho - Revista de fundamentación de las Instituciones Jurídicas y de Derechos Humanos, n. 34, p. 33-62, 1996. Disponible en: <http://hdl.handle.net/10171/12885>. Acceso en: 25 abr. 2017.
CASTORIADIS, C. L’Institution imaginarire de la société. Paris: Seuil, 1975.
CONTI, D. B. Narrative theory and the Law. Duquesne Law Review, n. 39, p. 457-476, 2000.
CRAFT, G. A. The persistence of dread in Law and literature. Yale Law Journal, v. 102, n. 2, p. 521-546, 1992.
DÍEZ GARGARI, R. Dejemos en paz a la literatura. Isonomía, v. 29, p. 149-176, 2008.
DUARTE, C. B.; MADERS, A. M. O direito e literatura cruzando os caminhos da justicia poética: uma estrada sem fim? Anais do IV CIDIL, v. 1, p. 162-181, 2016. Disponible en: <http://rdl.org.br/seer/index.php/anacidil/article/view/103/296>. Acceso en: 25 abr. 2017.
DWORKIN, R. My Reply to Stanley Fish (and Walter Benn Benjamin): Please don’t Talk about Objectivity Anymore. In: MITCHELL, W. J. T. (Ed). The Politics of Interpretation. Chicago: University of Chicago, 1983. p. 271-286.
EAGLETON, T. Literary Theory: An Introduction. Oxford: Basil Blackwell, 1983.
EAGLETON, T. La rebelión del lector. Revista Punto de Vista, n. 24, p. 12-13, 1985.
FALCÓN Y TELLA, M. J. Derecho y Literatura. Madrid: Marcial Pons, 2015.
FISH, S. Is there a text in this class?: the authority of interpretive-communities. Cambridge: Harvard University Press, 1980.
FISH, S. Working on the Chain Gang: Interpretation in the Law and Literary criticism. Critical Inquiry, v. 9, n. 1, p. 201-216, 1982.
FISH, S. Wrong Again. Texas Law Review, n. 62, p. 299-316, 1983.
FISH, S. Still Wrong after All these Years. Law and Philosophy, v. 6, n. 3 p. 401-418, 1987a.
FISH, S. Denis Martínez and the Uses of Theory. The Yale Law Journal, v. 96, p. 1773-1800, 1987b.
FREITAS, R. Barradas de. Direito, linguagem e literatura: reflexões sobre o sentido e alcance das inter-relações. Working Paper, Universidade Nova de Lisboa, v. 6, n. 2, 2002. Disponible en: < http://www.fd.unl.pt/Anexos/Downloads/235.pdf>. Acceso en: 25 abr. 2017.
FRUG, J. Argument as character. Standford Law Review, n. 40, p. 867-927, 1988.
GARCÍA AMADO. J. A. Breve introducción sobre Derecho y literatura. In: GARCÍA AMADO. J. A. Ensayos de Filosofía Jurídica. Bogotá: Temis, 2003. p. 361-371.
GARCÍA VALVERDE. F. Desacuerdo moral y estabilidad en la teoría de Martha Nussbaum. Revista de filosofía y teoría política, n. 40, p. 63-90, 2009.
HAYMAN, R. L.; LEVIT, N.; DELGADO; R. Jurisprudence, Classical and Contemporary: From Natural Law to Postmodernism. St. Paul: West Academic Publishing, 2002. 2002.
ISER, W. The Implied Reader: Patterns of Communication in Prose Fiction from Bunyan to Beckett. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1974.
KADOCH, L. C. Seduced by narrative: persuasion in the courtroom. Drake Law Review, v. 49, p. 71-123, 2000.
MACCORMICK, N. Coherence in legal justification. In: KRAVIETZ, W. et al. (Ed.). Theorie der Normen. Berlin: Duncker & Humblot, 1984. p. 37–53.
MACCORMICK, N. Rhetoric and The Rule of Law: A Theory of Legal Reasoning. Oxford: Oxford University Press. 2005.
NABOKOV, V. Curso de Literatura Europea. Madrid: Grupo Zeta, 1997.
NUSSBAUM. M. Poetic Justice: The literary Imagination and the Public Life. Boston: Bacon Press, 1995.
OLIVO, L. C. Cancellier; MARTÍNEZ, R. Oliveira. Direito, literatura e cinema: o movimento direito e literatura como modelo teórico para os estudos Direito e Cinema. Anais do II CIDIL, p. 144-165, 2014. Disponible en: <http://rdl.org.br/seer/index.php/anacidil/article/view/177/271>. Acceso en: 25 abr. 2017.
OLSEN, S. H. The structure of literary understanding. Cambridge: Cambridge University Press, 1978.
OST, F. El reflejo del Derecho en la literatura. Doxa, v. 29, p. 333-348, 2006. doi: 10.14198/DOXA2006.29.17
PÊPE, A. M. Bastos 2016. Direito e literatura: uma intersecção possível? Interlocuções com o pensamento waratiano. Anamorphosis – Revista Internacional de Direito e Literatura, v. 2, n. 1, p. 5-15, 2016. doi: 10.21119/anamps.21.5-15
PEREDA, C. Sobre la retórica. In: HERRERA, M. (Coord.). Teorías de la Interpretación. Ensayos sobre Filosofía, Arte y Literatura. México: UNAM, 1998. p. 103-124.
POSNER, R. Law and Literature. A Misunderstood Relation. Cambridge (MA); London: Harvard Univesity Press, 1988.
RÍOS, C. La Literatura y el cine como herramientas para la formación ética de los jueces. Isonomía, v. 22, p. 207-219, 2005.
RORTY, R. Objetivity, Relativism and Truth. Cambridge: Cambridge University Press, 1991.
RORTY, R. Filosofía y Futuro. Barcelona: Gedisa, 2002.
SANSONE, P. Diritto e letteratura. Un´introduzione generale. Milano: Giuffré, 2001.
SEATON, J. Law and literature: works, criticism, and theory. Yale Journal of Law & the Humanities, v. 11, n. 2, p. 479-507, 1999.
SILVA, Ana Isabel Gama. O conceito de Justiça Poética em Martha Nussbaum. Dissertação (Mestrado em Estética e Filosofia da Arte)-Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2006. Disponible en: <http://revistaphilosophica.weebly.com/2007.html>. Acceso en: 19 sept. 2015.
SILVA, F. Pessoa da; MOURÃO, R. C. A literatura como fonte de reflexão crítica do direito. Anais do IV CIDIL, v. 2, p. 356-370, 2016. Disponible en: <http://rdl.org.br/seer/index.php/anacidil/article/view/113/308>. Acceso en: 25 abr. 2017.
SILVA, J. Aguiar e. A prática judiciária entre direito e literatura. Coimbra: Almedina, 2001.
STRATTON, A. M. Courtroom narrative and finding of fact: reconstruct the past one (cinder) block at time. Quinnipiac Law Review, v. 22, n. 4, p. 923-946, 2004.
SUÁREZ LLANOS, L. La cultura jurídica y el pluralismo jurídico. Boletín de la Facultad de Derecho, v. 24, p. 15-57, 2004.
TALAVERA, P. Derecho y Literatura. Granada: Comares, 2006.
TALAVERA, P. Una aproximación literaria a la relación entre justicia y derecho. Anamorphis – Revista Internacional de Direito e Literatura, v. 1, n. 2, p. 207-246, 2015. doi: 10.21119/anamps.12.207-246
TRINDADE, A. Karam; GUBERT, R. M. Derecho y literatura acercamientos y perspectivas para repensar el derecho. Instituto de Investigaciones Ambrosio L. Gioja, v. 3, n. 4, p. 164-213, 2009.
TURNER, V. From Ritual to Theatre: The Human Seriousness of Play. New York: Performing Arts Journal Publications, 1982.
WARD, I. Text, author and literature in legal studies. In: WARD, I. Law and Literature. Possibilities and Perspectives. Cambridge: Cambridge University Press, 1995. p. 28-42.
WARD, I. Littérature et imaginaire juridique. Revue interdisciplinaire d'études juridiques, n. 42, p. 161-179, 1999.
WEISBERG, R. The Law-literature Enterprise. The Yale Journal of Law & Human, n. 1, p. 1-67, 1988.
WEST, R. Economic Man and Literary Woman: One Contrast. Mercer Law Review, v. 39, p. 867-878, 1988a.
WEST, R. Communities, Texts, and Law: Reflections on the Law and Literature Movement. Yale Journal of Law and Humanities, v. 1, n. 1, p. 129-156, 1988b.
WHITE, J. B. The Legal Imagination: Studies in the Nature of the Legal Thought and Expression. Boston; Toronto: Little, Brown & Co., 1973.
WHITE, J. B. Law as Rhetoric, Rhetoric as Law. University of Chicago Law Review, v. 52, n. 3, p. 684-702, 1985a.
WHITE, J. Boyd. Heracles' Bow: Essays on the Rhetorie and Poetry of Law. Madison: The University of Wisconsin Press, 1985b.
WHITE, J. B. Justice as Translation: An Essay in Cultural and Legal Criticism. Chicago: University of Chicago Law Review, 1990.
WHITE, J. B. From Expectation to Experience. Ann Arbor: University of Michigan Press, 2000.
WIGMORE, J. A list of legal novels. Illinos Law Review, v. 2, n. 9, p. 574-593, Apr. 1908.
ZOLEZZI IBÁRCENA, L. Derecho y literatura: aspectos teóricos. Derecho PUCP, n. 70, p. 379-409, 2013.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Concedo à ANAMORPHOSIS – Revista Internacional de Direito e Literatura o direito de primeira publicação da versão revisada do meu artigo, licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution (que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista - https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Afirmo ainda que meu artigo não está sendo submetido a outra publicação e não foi publicado na íntegra em outro periódico e assumo total responsabilidade por sua originalidade, podendo incidir sobre mim eventuais encargos decorrentes de reivindicação, por parte de terceiros, em relação à sua autoria.
Também aceito submeter o trabalho às normas de publicação da ANAMORPHOSIS – Revista Internacional de Direito e Literatura acima explicitadas.